29 julho 2005

O último embarque?






Nascemos com a Lua aos pés, trazida em transmissões directas.
De salto em assalto, infinito à vista, para um futuro, um destino virgem



Era assim que no final dos anos 60 víamos o mundo a avançar. A minha enciclopédia juvenil ilustrada até falava dos grandes benefícios para a humanidade que a energia atómica civil nos traria. Exemplo, batatas tratadas com raios X, não grelavam!!! O que eles contavam às criancinhas! Radiações à parte, a sensação que eu tinha, nessa época, era a de que se avançava a todo o vapor (de origem nuclear?) com o infinito como o limite. Mesmo o desastre da missão Apolo 13 era “só” um preço a pagar pelo arrojo do pioneirismo. E havia ainda o “2001: Odisseia no Espaço”, em que as naves espaciais dançavam a valsa à nossa frente, boquiabertos e deslumbrados nos cadeirões do “Estúdio Foco”.

Em 2005 temos é um monte de sucata no espaço, russa e não só, que não sabemos quando vai cair nem onde. O Challenger explodiu em 1986, o Columbia explodiu em Fevereiro de 2003. Agora, quando tudo devia estar mais do que ok, o Discovery está a perder peças e a Nasa anuncia o fim dos voos tripulados. Provavelmente a presença física de um ser humano no espaço, hoje em dia, poderá ser mais simbólica do que outra coisa.

No entanto, fica aquela sensação de incapacidade e de retrocesso. Já não estamos a caminho do infinito montados em gloriosas máquinas espaciais. Os meus filhos não sentirão seguramente que estamos com a lua aos pés, mas sim afastando-se. Talvez também não acreditem assim tão facilmente na história das batatas tratadas com raio X. E a lua lá segue tranquila sobre as nossas cabeças...


*foto retirada, sem autorização, do site da NASA

2 comentários:

CLÁUDIA disse...

Sei que não tem absolutamente nada a ver, mas ao passar por aqui hoje lembrei-me da música "Sister Moonshine" dos Supertramp que não ouço há muito, mas mesmo muito tempo.

E só por isso hoje vou ouvi-la...

Titá disse...

Como o entendo! É uma sensação de frustração, de sonho gorado ...
:-(