09 dezembro 2017

Vistas da cidade


Não, não é de bom tom confundir romantismo com geografia, nem encher ou cuspir da boca chavões sobre a cidade das luzes, ou do amor, etc e tal.

O certo é que em qualquer passagem por ali, havendo algum tempo disponível, as solas trabalham todo o tempo que puderem. Poupo os detalhes dos locais concretos, mas, na cidade tão grande, acabam por ser quase sempre os mesmos. Como se houvesse uma necessidade de rever e sentir, confirmar que está ali, aquilo, aquelas coisas indubitavelmente parte do nosso mundo, em sentido restrito.

Uma cidade excessivamente centralizadora num país que se vê sempre mais do que é. Que consegue combinar na mesma identidade referências antagónicas como Versailles e a Revolução; Voltaire e Napoleão. Racionalmente, França tem uma caraterização difícil, por ambiguidade. Tanto uma real “mania das grandezas”, ostentação e culto do imperial, como, supostamente, o berço dos ideais de fraternidade e igualdade. Tudo isto vive e convive harmoniosamente no “C’est belle la France!”.

A dita influência cultural francesa, da qual tantos se reclamam recetores, por mim tem algo de placebo. Estará talvez aí a sua força, o permitir o nascimento de tantas correntes, supostamente herdeiras de uma certa visão do mundo, na prática mais filhas de um albergue espanhol (perdão a ambos os países).

Bom, tudo isto começou e acaba para dizer que gosto muito de deambular por Paris.

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