03 dezembro 2017

Entre ser e não parecer


Vai apenas a citação, em tradução livre. Com uma última frase, que é daquelas enormes, brutais, à Camus, de reverenciar e gravar na pedra.

A exigência de felicidade e a sua busca paciente. Não é preciso exilar uma melancolia, mas sim destruir em nós esse gosto do difícil e do fatal. Ser feliz com os seus amigos, de acordo com o mundo, e ganhar a felicidade seguindo uma linha que, no entanto, leva à morte.
“Tremereis face à morte.”
“Sim, mas nada terei falhado do que é a minha única missão e que é viver”. Não se resignar ao convencionado e às horas de expediente. Nunca renunciar – exigir sempre mais. Mas ser lúcido, mesmo durante as horas de expediente. Aspirar à nudez onde nos rejeita o mundo, brevemente estaremos sós face a ele. Mas sobretudo, para ser, não procurar parecer.


Albert Camus, em Carnets I

(e onde quer que este enormíssimo mestre esteja, feliz, morto e realizado, que me desculpe, se li e traduzi mal.)


foto googleada sem referência à origem

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