Sendo muito riso sinónimo de pouco siso, não saber rir é sintoma de um grave problema. É inquietante alguém não rir e particularmente preocupante não conseguir rir de si próprio. Estas reflexões sobre o ambiente do riso, a sua grandeza e a sua pobreza, ocorreram-me ao recordar-me de um programa humorístico passado, de audiência obrigatória na televisão, o “Contra-informação”.
Julgo que seria consensual a sua aceitação pelos portugueses em geral, quiçá reconhecendo um toque de excesso aqui e acolá, mas pouca ou nenhuma indignação despertava aquele humor. Se hoje houvesse “Contra-informação”, seria tão pacífico? Declaradamente, penso que não.
Já não se ri como soía e muito especialmente sobre essa classe que tanto a isso se presta, os políti(queiros). No tempo do programa, era “normal” ridiculariza-los e apanharem todos, pela mesma moeda. Os efeitos clubísticos ficariam em achar mais graça a umas passagens e, no limite, ignorar outras. Não estou a imaginar um coro de indignação nas redes socias (que não existiam, pelo menos na dimensão atual) com a caricaturização de um Primeiro-Ministro.
Hoje, acredito que seria diferente. As dinâmicas tribais direita-esquerda, ou o que quer que lhes quiserem chamar, estão mais fechadas e intolerantes. Há uma identificação muito mais forte com a fação, uma solidariedade militante, com a correspondente miopia sectária, sendo o resultado a incapacidade de rir do próprio e não aceitar ironias.
Não sei de quem é a culpa, poderia especular, mas uma sociedade que não consiga rir de si própria é … muito perigosa.
Julgo que seria consensual a sua aceitação pelos portugueses em geral, quiçá reconhecendo um toque de excesso aqui e acolá, mas pouca ou nenhuma indignação despertava aquele humor. Se hoje houvesse “Contra-informação”, seria tão pacífico? Declaradamente, penso que não.
Já não se ri como soía e muito especialmente sobre essa classe que tanto a isso se presta, os políti(queiros). No tempo do programa, era “normal” ridiculariza-los e apanharem todos, pela mesma moeda. Os efeitos clubísticos ficariam em achar mais graça a umas passagens e, no limite, ignorar outras. Não estou a imaginar um coro de indignação nas redes socias (que não existiam, pelo menos na dimensão atual) com a caricaturização de um Primeiro-Ministro.
Hoje, acredito que seria diferente. As dinâmicas tribais direita-esquerda, ou o que quer que lhes quiserem chamar, estão mais fechadas e intolerantes. Há uma identificação muito mais forte com a fação, uma solidariedade militante, com a correspondente miopia sectária, sendo o resultado a incapacidade de rir do próprio e não aceitar ironias.
Não sei de quem é a culpa, poderia especular, mas uma sociedade que não consiga rir de si própria é … muito perigosa.
2 comentários:
Tem toda a razão. Está tudo muito tenso.
Tenso... é capaz de ser até eufemismo !
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