14 dezembro 2017

Aqui, não se discute política … nem futebol!


Tenho uma vaga memória destas palavras de ordem, de tempos longínquos, quentes, onde a discussão de tais temas podia ser assunto “fraturante”, sendo de evitar para uma boa convivência entre amigos e familiares.

Deixemos o futebol sossegado, pode-se pode viver muito bem passando ao lado do mesmo. Precisamos apenas de esquecer o facto de os nossos impostos pagarem “dipositivos de segurança”, cuja necessidade é consequência da agressividade e da falta de respeito nas “discussões” entre especialistas arruaceiros, alguns até supostamente gente responsável. Nunca discuti futebol “a sério” e, se me identifico com a cidade do Porto, tenho alguma alergia ao “espírito” do FCP, precisamente pela forma como os seus dirigentes e apoiantes frequentemente o “discutem”.

Num encontro de ex-camaradas há pouco tempos atrás, soaram de novo as mesmas palavras de ordem, que eu julgava enterradas, principalmente para a política, por supostamente estarmos hoje numa sociedade mais madura, habituada a um pluralismo de opiniões e a alternância de políticas, num cenário bastante diferente do da década de setenta.

Será saudável esta censura da discussão pública, em troca da manutenção da cordialidade nas relações familiares e sociais? Pode, efetivamente, ser um mal menor, mas não deixa de ser um mal e grave! O exercício da cidadania plena passa por questionar e discutir a política, as opções e os atos de quem nos governa. É evidente que dentro de um natural pluralismo, haverá visões diferentes. A incapacidade de debater objetivamente essas diferenças, pela base, pela factualidade e, em vez disso, cair no discurso grosseiro e agressivo, procurar silenciar a toda a força a discordância ou fechar a discussão invocando um simples adjetivo, supostamente desqualificante… não é próprio de uma sociedade civilizada.

Estamos a regredir, a avançar numa direção triste. A intolerância autoritária começa no verbal e acaba onde a deixarmos acabar. Pode ser num sítio feio. Eu gostaria de enviar a fatura desta deriva a quem de direito. Sugestões?

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