13 dezembro 2017

O guito há-de (des)aparecer


A entrevista na TVI de Ana Leal ao então Secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, fica para a história, pelo menos para mim. Não necessariamente pela eloquência de ele negar o “relacionamento” enquanto nós vemos as fotos no país quente em simultâneo, mas pela clarificação da função, remunerada, do senhor na instituição.

Se até ali eu tinha dificuldade em saber qual era mesmo, mesmo, o seu contributo, o que ele era suposto fazer para justificar o seu vencimento, fiquei esclarecido. Em primeiro lugar ele acha normal ser pago, como qualquer um, por um serviço prestado, por ir lá algumas vezes por semana, corrigindo a seguir para algumas vezes por mês. No entanto, desconhecia os problemas financeiros e não se recordava de ter recebido um aviso e um pedido de intervenção sobre o assunto. Ou seja, que consultadoria de organização era a sua, que não tinha nem “p*** ideia” das contas da instituição?!

Um email da presidente, citado na entrevista, esclarece tudo quando apresenta e defende as pretensões iniciais do senhor, 12 mil euros/mês + carro + seguro saúde, bastante acima do valor final, uns singelos 3 mil euros. Ela reconhecia ser caro, mas recordava que a família/tribo dele estava às portas do poder e o próprio afirmava que “o guito há-de aparecer”. Esse guito, o nosso guito, supostamente dirigido a crianças portadoras de doenças raras, iria então acabar nos bolsos de uns sacanas comuns, infelizmente pouco raros.

E fecho porque, a partir daqui, já só me ocorrem palavrões.

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