11 dezembro 2017

Outro timbre



Numa destas tardes, ao deambular pela “Imbicta”, sugeriram-me dar um salto a Miguel Bombarda, haveria por lá coisas interessantes, e eu fui.

Uma das coisas interessantes que gostei de ver, foi uma exposição de aguarelas de Paulo Ossião na Ap’arte. Não entendo nada da técnica, nem do fino, nem do grosso e nunca tinha ouvido falar do senhor. Estou, portanto, à vontade para dizer barbaridades, sem me preocupar com o que pensem do que eu penso neste capítulo.

A imagem do Porto está, em geral, associada ao cinzento do granito, ao difuso do nevoeiro, à humidade atlântica. Tempos houve em que eu atravessava diariamente o rio, junto à serra do Pilar, e reconheço bem “esse timbre pardacento, de quem mói um sentimento”.

O “Olhar sobre o Porto”, das aguarelas em questão é mesmo sobre Porto. Disso não há nenhuma dúvida: cheiram a Porto de cima a baixo. No entanto, há ali uma luz, uma vida, uma vitalidade, um burgo nada sombrio. Dei por mim a sorrir ao percorrê-las, ao ver aquele Porto colorido, luminoso, esbatido numa luz talvez mais meridional, e transmitindo a imagem de uma cidade belíssima, que também é a minha.

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