13 novembro 2017

Ele saberá o que faz?


“As sauditas autorizadas a conduzir” – “Não entendo como não o consegui ver!”, do jornal Argelino “El Watan”. Esta caricatura às incoerências de algumas modernizações pode servir de alegoria para as mudanças promovidas pelo princípio herdeiro, dito MBS, na Arábia Saudita. Ele está a mudar coisas, mas saberá o que faz? O príncipe quer mandar, no país e na região. No país, prendendo, recentemente invocando luta contra a corrupção, opositores reais ou potenciais e contestatários. Pretende e decreta que o ambiente de negócios não se altera com estas arbitrariedades. O futuro o dirá.

Na região, não há forma de o acalmar. Há dois anos e meio que o Iémen é pilhado por uma guerra brutal e sem mais consequência ou objetivo do que destruir. Não há nada previsto ou em curso para (r)estruturar o dia seguinte. São deixadas zonas destruídas sem lei, ótimos viveiros e escola para formação e desenvolvimento de grupos terroristas. Provavelmente não haverá país mais martirizado neste momento com fome, carências de todo o tipo e a sofrer uma grave epidemia de cólera. Supostamente, o novo poder é apoiado pelo Irão, coisa inaceitável para os sauditas. Depois de tanto bombardeamento indiscriminado, receberam um míssil de volta, coisa considerada inaceitável?!

O Qatar não é flor que se cheire, mas o bloqueio inventado não faz sentido nenhum, que não seja uma birra de quem (quer) manda(r) aqui sou eu.

Na Síria, a batalha regional entre o eixo vertical sunita sul-norte e o eixo horizontal xiita este-oeste parece estar a resolver-se, com a ajuda da Rússia, para o lado xiita. Vamos então tentar quebrá-lo mais abaixo, pelo Líbano. Um fantástico país, com uma história riquíssima, onde se terá desenvolvido provavelmente a mais brilhante civilização do Levante Mediterrâneo, de gente educada e culta, que há uns tempos era considerado a Suíça do Oriente… As suas desgraças começaram quando os palestinianos foram expulsos da Jordânia por mau comportamento. A partir daí, entre palestinianos, israelitas e pró-iranianos, nunca mais teve sossego.

O seu primeiro-ministro, aparentemente de consensos, foi a Riad, demitiu-se de lá e nem regressou ao seu país. Especula-se que terá sido a isso forçado pelos sauditas e que se encontra retido, contra a sua vontade. Entretanto, estes sobem o tom e as ameaças contra os pró-iranianos do Líbano.

Em conclusão, MBS está a pôr a região toda a ferro e fogo e adivinhem quem lhe dá palmadinhas nas costas de pleno apoio? O Mister Trump! Neste momento, o não eclodir de mais violência na religião depende de … Israel.

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