05 novembro 2017

Outra vez


Umas décadas depois. Arma os braços, encosta os cotovelos ao tronco, levanta um pé, pica o chão, eleva e transfere, pica com o outro, e outra vez, e outra…
Revisitando um excerto de “Por um título”. Com uns "Re"s a acrescentar…

Aprendi a correr. Não o correr atabalhoado da fuga, não o correr acometido do predador. Apenas o simples correr sustentado do desacompanhado. Aquele em que cada passo é dado com o fim de haver sempre outro passo mais para dar. Em que o cansaço se agrava ao descontinuar e em que se recupera ao não parar.

Ver o mundo deslizar pelos dois lados de mim. Ao sentir a minha velocidade como minha. Criada, mantida e gozada. Sob o calor que me destilava e expurgava, sob o vento que me desafiava, sob a chuva risonha que me fecundava.

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