17 novembro 2017

É também racismo

E se, em vez de andarmos por aí a discutir a responsabilidade pelo que aconteceu há 500 anos ou há 50, nos mobilizássemos e denunciássemos as desgraças que acontecem hoje e continuarão amanhã?

Leio na imprensa que o único hospital público de Brazzaville, capital do Congo, fechou por falta de meios. Quem precisar e puder que se trate numa clínica privada. Isto não parece escandalizar muita gente, nem apelar a responsabilizar quem quer que seja.

No entanto, quando uns criminosos embarcam nas costas da Líbia uns migrantes, congoleses ou outros, sem as mínimas condições de segurança, com alta probabilidade de naufrágio e a desgraça acontece, a Europa acha-se culpada ...

Este aceitar a miséria e o crime, por omissão e negligencia, relativizar o nepotismo e a corrupção que tantos governos praticam contra os seus é uma forma de racismo. Chamemos-lhe neo-racismo, usando um prefixo bem na moda. O racismo clássico incluía uma visão de superioridade dominadora: já que vocês são limitados e incapazes, mandamos nós.

O neorracismo atual presume uma natural incapacidade de bom governo. Eles têm essa limitação e não há nada a fazer, nem a exigir. Os cidadãos que sofrem e morrem são vítimas “inevitáveis” da incapacidade e limitações da raça dos seus líderes. É uma fatalidade, vista com alguma superioridade natural e correspondente condescendência.

Haverá quem diga que uma boa parte da culpa não é dos líderes incompetentes e corrompidos, mas sim das influências externas que os manipulam e corrompem. Mais do mesmo… A culpa não é assim tanto deles, já que a sua “raça” isso proporciona.

Pensemos, só para exemplo, no Freeport e nos submarinos. A culpa maior não é dos nossos governantes, ao que parece, corrompidos. A culpa principal será então dos ingleses e dos alemães que os corromperam… certo?

Sem comentários: