11 novembro 2017

As redes sociais ameaçam a democracia?


Este era o título da capa de um “The Economist” recente, de onde extraí a imagem. Ao confirmar-se a influência pró-ativa da Rússia nas últimas eleições americanas, parece ter ficado muita gente histérica e indignada, numa de “não pode ser!”, “É preciso fazer alguma coisa!!”.

A propaganda e a manipulação da informação não são ciências novas nem específicas da Rússia. Sempre existiram. Um país tentar condicionar a opinião pública em terceiros, de forma direta ou camuflada, não é nenhuma novidade e não deveria espantar ninguém.

A internet e as redes sociais trazem uma diferença na forma. Constituem enormes amplificadores de “opiniões” e de noticias falsas e verdadeiras. Facilitam a difusão e a camuflagem. Mas tanto o fazem para o “mal” como para o “bem”, neste último caso na denúncia de situações e na mobilização para causas que a comunicação social tradicional ignora, especialmente em regimes controlados.

Assim, a simplificar, a internet está para a informação como a globalização está para a economia. Curiosamente, o próprio “Economist”, quando aborda questões e polémicas relacionadas com os aspetos negativos da globalização, reais ou percecionados, costuma acabar sempre no mesmo acorde: a globalização permite criar mais riqueza globalmente e, a prazo, é isso que conta. Até lá, são apenas alguns sobressaltos.

Embora eu não tenha uma posição tão liberal, do quanto mais aberto melhor, acho que neste caso da informação, quanto mais melhor. Acredito mesmo que a brutal diversidade de fontes de informação só pode, a prazo, melhorar o conhecimento da sociedade sobre si própria e sobre a humanidade. Todos sabemos que há mentirosos e manipuladores neste mundo. Antes estávamos expostos a meia dúzia, agora estamos expostos a umas centenas ou milhares, pelo tal efeito de amplificação. Teremos que nos habituar a isso. O controlo efetivo do que se publica na internet nunca, mas nunca pode ser efetivo nem eficaz, sobretudo num quadro de Estado de Direito onde estamos enquadrados. Vejam os Estados de Não Direito que bem a tentam controlar de todas as formas e feitios, cega ou seletivamente, à bruta ou à fina… e nem eles conseguem.

Significa que tudo é/deve ser permitido? Não. Haverá sempre um enquadramento legal a respeitar, mas, dada a dimensão deste universo,
é impossível ser completamente abrangente. É ainda de recordar que os “beneficiados” não são sempre os “Trumps”.

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