30 outubro 2017

Revolucionários ou revoltados, mas profissionais


A cara na capa deste livro é de Ilich Ramírez Sánchez, venezuelano apesar do primeiro nome. Ficou mais conhecido por Carlos, o Chacal, e foi o terror público número um, principalmente em França, nas décadas de 70 e de 80. Sim, nessa altura havia terrorismo, com bombas a explodir em locais públicos e, muito na moda da época, desvios de aviões e outros sequestros. Esta história ajuda a compreender o que por cá acontece e tem acontecido. Aqui vão alguns sublinhados meus, após leitura.

Não era proletário nem operário. Pelo contrário, a larga maioria dos terroristas ocidentais da altura eram da alta burguesia. Chega até a referir um caso, por excecional, de uma camarada originária de um nível social mais baixo.

Queria fazer a revolução. Na Venezuela, não deu jeito, em França também não foi possível, em Moscovo já tinha sido e… onde sobrou uma causa para lutar: Palestina. Se não houvesse Palestina, quais seriam as causas a abraçar pelos Chacais? Algum paralelismo com as mais recentes partidas para a Síria?

Começa por aspirar a ser revolucionário e depois passa a mercenário (revolucionário profissional), ou seja, organiza atentados e sequestros para quem lhe paga. No entanto, o auge da sua atividade ocorre quando França prende Magdalena Kopp, sua companheira de armas e ele usa o terrorismo… para exigir a libertação da amada.

Uma referência ao pacto Moro. Itália fechava os olhos ao transito e atividades dos terroristas (pró)palestianos pelo seu território, com a condição de estes irem fazer os estragos para outro lado. Edificante e muito próprio de um regime democrata-cristão. A coisa não acabou bem para Aldo Moro, raptado e assassinado pelas Brigadas Vermelhas, prova de que isto de tolerar terroristas pode não se saudável.

Dentro do Médio Oriente, estendido até à Argélia, que lhe estende o tapete vermelho durante o sequestro dos ministros da Opep, vemos uma enorme volatilidade nos acordos, desacordos, pactos e traições entre os vários líderes. Não ajuda muito a suposta base comum “árabe”, nem parece ser determinante existir um inimigo claro e comum, Israel. Fico a pensar que, mesmo sem Israel, dificilmente se veria (e se vê) paz e cooperação por aqueles lados, dada a falta de confiança mútua, ausência de compromissos estáveis e outras carências…

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