11 outubro 2017

A Catalunha e os donos da razão



Independentemente da contabilidade de razões e erros de parte a parte, tomar decisões com o impacto das que foram tomadas recentemente na Catalunha, com base no que se passou a 1/10 é coisa de "donos da razão". São uma espécie para quem os “errados” têm apenas o ténue direito a existir e a calar, já que serão inimigos mal-intencionados ou, no melhor dos casos, mal-esclarecidos. Mesmo que exista uma maioria de “errados”, de opinião diferente, primará a visão de que estão “errados”.

Para os donos da razão, só há um caminho possível, o deles, o “certo”. O que se pise e destrua para lá chegar, é irrelevante, face ao grande desígnio final. Democracia e respeito pelas instituições valem enquanto servirem os objetivos; se se tornarem um obstáculo, será necessário tirá-los do caminho, como se faz a qualquer coisa que se atravesse na nossa frente.

Os donos da razão tornam-se muito perigosos quando chegam ao poder. Nesta Europa, com a subida dos extremismos, os partidos tradicionais começam a sucumbir à tentação de vender uma parte da alma ao diabo. Mesmo sendo parcial, essa transação envenena espíritos e destrói a cultura democrática e de respeito pelas minorias (já sem falar das maiorias). Que impere o bom senso e se guardem os valores de tolerância e os princípios garantes da liberdade que tanto prezamos. Senão, entraremos em tempos sombrios.

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