17 outubro 2017

Sobre as naus que não haverá


Se houvesse a escolher cinco locais naturais do país a proteger a “qualquer custo”, certamente que o pinhal de Leiria estaria nessa lista. Não apenas pela dimensão, pela função de estabilização do terreno numa parte daquela longa faixa litoral arenosa, que sem vegetação pareceria um deserto, mas, obviamente e também, por “a plantação de naus a haver” ser simbolicamente cadinho e berço de sonhos e aspirações.

O pinhal não estava dividido, com um canto do Manuel em Lisboa, uma tira do António no Luxemburgo e uma leira de uns herdeiros desentendidos quanto a partilhas (também não tinha eucaliptos…). Estava todinho à disposição do Estado.

Se há sítio onde podia e devia haver uma gestão e um ordenamento florestal irrepreensíveis seria ali. Avisos tinham saído de que a falta de limpeza e tratamento podiam proporcionar uma calamidade. Agora, resta-nos esperar serenamente pelas conclusões de um mui provável inquérito “post-mortem”. As notícias de que “faltava verba” para gasóleo, a ser confirmada, é assustadora, mas, realmente, não se pode ter tudo. O cumprimento do défice implica sempre prioridades. E pode-se reverter esta calamidade, senhores?

Será certamente replantado, não sendo necessário um D. Dinis bis para isso, mas a imagem acima de Hélio Medeiros do pinhal a arder, ficará na nossa memória associada à mediocridade e incompetência do desgoverno neste país, cada vez mais incapaz de sonhar com naus a haver. Tristeza.

Sem comentários: