19 fevereiro 2016

Mais um neo clássico


A Renault anunciou um novo modelo (até mesmo uma nova marca) inspirado nos míticos Alpine Renault dos anos 60, como a fotografia acima evidencia. Desconhecendo-se ainda o sucesso que encontrará, até por se dirigir a um público relativamente restrito, este revisitar do clássico francês recorda os casos de sucesso anteriores do Mini inglês, do Carocha alemão e do Fiat 500 italiano.

Estas iniciativas não se restringem aos automóveis. Na área da fotografia, por exemplo, a Fuji e a Olympus tiveram um enorme sucesso com novos (bons) modelos de “look” retro.

Será que as marcas possuem um património afetivo que com a evolução negligenciaram e numa dada altura descobrem existir ali um valor a recuperar? E o desenvolvimento e rentabilização dessa riqueza passa obrigatoriamente por uma descontinuidade, que permita posteriormente identificar e caraterizar o “antigo”?

Será que isto acontece por a moda ser tipicamente cíclica? Penso que não, pelo menos no caso dos automóveis. Há demasiada emoção e paixão para ser apenas questão de “hoje diferente de ontem”. O caráter cíclico manifesta-se mais na alternância entre linhas redondas/vincadas, cintura alta/baixa...

Será que as linhas “antigas” tinham uma linguagem muito mais expressiva e uma identidade mais forte do que atualmente? A otimização dos espaços e da performance deixou pouco espaço à criatividade…? Será que isto é um caso de nostalgia pura, do “antigamente é que era bom”? Talvez, mas, por exemplo, entre os atuais utilizadores do Fiat 500 quantos nem sequer tinham antes ouvido falar do original?

Pondo o assunto noutra perspetiva. Quando daqui a 40 anos um construtor automóvel pensar em fazer uma versão “retro” de um modelo marcante, que poderá escolher dentro do parque atual? Excluindo o mítico (fica sempre bem este adjetivo…) Fiat Múltipla, muito pouco consensual, quais são os modelos hoje na estrada, que acenderão uma luzinha e um sorriso nostálgico quando forem revistos dentro de umas décadas? Assim de repente, apontaria o Honda Civic, tipo pequena nave espacial… E os modelos que se destacarão serão simplesmente os que correspondam a um “look” que entretanto desapareceu, questão de alternância simples, ou serão os que despertam, e despertarão, paixões, questão de linguagem forte?

É de realçar que o parque de veículos dos anos 60 e 70 apaixonantes (míticos?), passíveis de serem revisitados, está muito longe de esgotado. Assim, no imediato, e para colocar ao lado deste neo Alpine, que tal um neo Stratos? Uau!!! Por falar em Alpine e Stratos, de uma coisa estou certo: dos carros que atualmente vemos a ganhar ralis, não ficará nenhum para a história da paixão.


Foto da promoção oficial da Renault

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