04 fevereiro 2016

Por favor, educação e seriedade

É frequente registarem-se divergências entre as promessas das campanhas eleitorais e a realidade da governação posterior, originando muita discussão e argumentação, em geral dentro dum certo respeito formal pelos princípios e, pelo menos aparentemente, sob bases racionais.

Isto mudou, em grande parte, por iniciativa e responsabilidade do PS, fruto do seu posicionamento eleitoral excessivamente irrealista de anunciar ir “acabar com a austeridade”, graças a uns pozinhos de perlimpimpim, que gerariam crescimento. Se compararmos o proposto pelo PS em Setembro com o que se vislumbra neste Orçamento de Estado, de onde já desapareceram muitos desses pozinhos supostamente catalisadores, a diferença é abismal (exceto para funcionários públicos).

Surge então um discurso que, em vez de rebater racionalmente as críticas, passa para um registo da básica traulitada. O PR, membro de um gangue, tem é que aprovar e calar. Os críticos atuais (se calharam até tendo razão...) são uns “Vasconcelos”. Não se defenestram fisicamente, mas atirar pela sanita abaixo as suas opiniões é um louvável ato higiénico. As dúvidas técnicas internas e externas são de uns neoliberais, todos vendidos ao inimigo.

Cresce assim mais um défice, o de atitude: falta de respeito pelas opiniões diversas e recusa em analisar objetivamente o fundo das questões. A verdadeira democracia não é assim e é com tristeza que assisto a esta regressão (mais um “re”).

Entretanto, continuamos a precisar de estender a mão para cumprir os compromissos do Estado, mas não temos lições a aprender de ninguém. Ainda não “reproclamamos” as virtudes do “orgulhosamente sós”, mas já faltou mais. E da Grécia, ninguém fala…

2 comentários:

A. Rocha disse...

Excelente análise a do autor do blog.
Perante ao que assistimos actualmente, era mais dignificante o primeiro ministro não cumprir certas promessas eleitorais (as 35 horas, por exemplo). Ganhava o país e ganhávamos todos.
Não percebo alguns responsáveis que defendem certos setores da sociedade. Por exemplo, uma senhora de rosto austero, ríspida, que representa professores e que berra para que as ditas 35 horas entrem em vigor "já", mesmo ultrapassando os trâmites da lei.
É este o estado a que chegou a nossa democracia. Perdeu-se o sentido de estado e caminhamos para uma fase de anárquica onde tudo berra e tenta enxovalhar as instituições, mesmo que democraticamente eleitas. O caso do presidente da Republica, alvo constante da esquerda é bem exemplo disso!
O que mais iremos ver!
Cumprimentos
A. Rocha

Carlos Sampaio disse...

Efetivamente, para lá do fundo de algumas questões que eu tenho dificuldade em ver a lógica (considerando que um governo não age por birra), está-se a criar um ambiente muito pouco são e educado...

Cpts