04 setembro 2014

Sacrifícios menores

Se a Ucrânia fosse membro de pleno direito da Nato, hoje poderíamos estar em guerra. Sendo relativamente inquestionável que forças militares russas invadiram o seu território, isso seria suficiente para os outros membros da aliança terem a obrigação de actuarem para defenderem o membro atacado. Pode-se questionar se Putin se comportaria da mesma forma se a Ucrânia fosse membro pleno da organização e pode entender-se que ela e todos os países vizinhos da Rússia com pretensões de autodeterminação busquem essa protecção.

Sabendo que este mundo é muito diferente do que existia em 1968, aquando da sua intervenção em Praga, o que quer a Rússia e até onde irá nesta sua acção bélica? Até onde iria um conflito hoje entre a Nato e a Rússia? É possível vermos uma mobilização geral na Europa e gente ir para a frente da batalha matar e morrer? Penso que não, que os custos políticos/eleitorais dum cenário desses sejam incomportáveis. Putin talvez saiba disso e jogue com essa opção pela comodidade do nosso mundo que não sabe e não quer estar em guerra.

No entanto, isso não deveria ser equivalente a “ter medo”. O que a Rússia está a fazer é suficientemente grave para não poder ser ignorado e ter que ser travado, mesmo com alguns sacrifícios. É preferível não ter gaz para aquecer as casas ou não ter cliente para a indústria militar do que matar e morrer ou deixar matar e morrer à nossa porta.

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