28 setembro 2014

Ninguém falou em desculpas

Num texto anterior eu referia a necessidade que os muçulmanos responsáveis tinham de separarem o trigo do joio e demarcarem claramente o que é o islão espiritual do político e muito especialmente da barbaridade em curso na Síria e Iraque. Certamente que não era só eu a pensar assim. Um conjunto de figuras relevantes do islão sunita veio a público e, com base na sua interpretação do Corão, evidenciar que que o que lá se passa não está de acordo com os princípios da sua religião. Pode ser discutível terem excluído shiitas e mulheres dos signatários, para terem mais força, mas globalmente é positivo. Seguiu-se uma série de iniciativas individuais de muçulmanos do “not in my name”, que quiseram realçar que os bandidos não falam em nome deles.

No entanto, é no mínimo curioso como estas iniciativas conseguem levantar polémica. Há alguns muçulmanos que acham que não têm nada que se manifestar, não têm desculpas a apresentar, isso pressupõe uma presunção de culpa que eles não assumem.

Se um conjunto de fanáticos desatar a matar mouros em Tanger, invocando o nome de Portugal, eu não me sinto culpado, mas sinto-me certamente obrigado a dizer em voz bem alta que “o meu Portugal não é esse”. Ninguém é obrigado a assumir publicamente uma posição, mas em muitas alturas é altamente recomendável. Não ter culpa não justifica assobiar para o lado no estilo “isso não é comigo”. Muito pelo contrário.

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