No centenário da implantação da República é estranho como tanta gente continua ainda a questionar e a recusar este modelo, preferindo a monarquia. Se a repulsa é consequência dos tempos pouco abonatórios para a República que se seguiram ao 5 de Outubro, o período monárquico que o precedeu também não foi nenhum exemplo. Só que uma coisa é o contexto transitório e outra coisa é o modelo. A revolução francesa teve um pós-parto terrífico, mas não é por isso que são postos em causa os seus princípios.
Penso que hoje já ninguém defende a monarquia com poder executivo. A história demonstrou cabalmente que a hereditariedade nem sempre funciona, obrigando a rupturas muitas vezes violentas. Como vêem os monárquicos a ruptura da 1ª para a 2ª dinastia: justificável ou condenável? Ambas as respostas são desconfortáveis. Deve ser possível substituir legitimamente a incompetência sem revolução, sangue e guerra.
A monarquia é então apenas representativa? A representação de um país pela esfinge de um monarca em selos, moedas e capas das revistas sociais é razoável? Acho que não. A representação e a identidade de um país devem ter sólidas raízes de índole cultural e não serem fruto do acaso no cruzamento mais ou menos feliz de ADN’s, ainda por cima tantas vezes atormentados com toques de consanguinidade. Portugal é representado dignamente pela obra de Camões e da demais gente brilhante que por cá passou, que por mérito próprio da lei da morte se libertou e não por uma sucessão de primogénitos descendentes da casa de Bragança, ou outra qualquer.
Existem muitos países recomendáveis que mantêm a monarquia? Sim, mas é um pouco como guardar na sala um móvel antigo que na prática não serve para nada. Habituamo-nos a vê-lo no canto da sala e temos pena de o deitar fora, apesar de tantas vezes atrapalhar e provocar trapalhadas, ficando limitado a uma função decorativa. Nós, com mais ou menos clarividência e justiça, deitamos ao lixo o móvel bolorento há 100 anos. Há alguma razão ou vantagem em pôr de novo na sala um restauro foleiro? Eu não vejo a mínima utilidade...
Penso que hoje já ninguém defende a monarquia com poder executivo. A história demonstrou cabalmente que a hereditariedade nem sempre funciona, obrigando a rupturas muitas vezes violentas. Como vêem os monárquicos a ruptura da 1ª para a 2ª dinastia: justificável ou condenável? Ambas as respostas são desconfortáveis. Deve ser possível substituir legitimamente a incompetência sem revolução, sangue e guerra.
A monarquia é então apenas representativa? A representação de um país pela esfinge de um monarca em selos, moedas e capas das revistas sociais é razoável? Acho que não. A representação e a identidade de um país devem ter sólidas raízes de índole cultural e não serem fruto do acaso no cruzamento mais ou menos feliz de ADN’s, ainda por cima tantas vezes atormentados com toques de consanguinidade. Portugal é representado dignamente pela obra de Camões e da demais gente brilhante que por cá passou, que por mérito próprio da lei da morte se libertou e não por uma sucessão de primogénitos descendentes da casa de Bragança, ou outra qualquer.
Existem muitos países recomendáveis que mantêm a monarquia? Sim, mas é um pouco como guardar na sala um móvel antigo que na prática não serve para nada. Habituamo-nos a vê-lo no canto da sala e temos pena de o deitar fora, apesar de tantas vezes atrapalhar e provocar trapalhadas, ficando limitado a uma função decorativa. Nós, com mais ou menos clarividência e justiça, deitamos ao lixo o móvel bolorento há 100 anos. Há alguma razão ou vantagem em pôr de novo na sala um restauro foleiro? Eu não vejo a mínima utilidade...
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