(Começou em )
Bem-vindos! Bem-vindos a este círculo dos compulsivos. Todos temos pulsões e compulsões, apenas a sua natureza e ponderação muda. Se as misturarmos e as distribuímos na boa medida, seremos todos normais.
Eu, dizia um, não consigo sair da internet
Eu, dizia uma jovem muito jovem, não consigo pensar ou considerar o futuro. Sou incapaz de projectar algo para a frente, de fazer algo que o prepare, nem sequer me preocupar com isso. Sim, eu sei, não façam já essa cara. Tenho quem me alimente a conta bancária, mesmo que eu esteja a dormir todo o dia. Aliás nem sequer penso nisso. Os meus pais fazem-no sempre que o acham necessário. É um privilégio que não é para todos é claro. Se passasse fome, pensaria de forma diferente. E podia ser diferente sem passar pela fome, mas é ridículo. Todos ficamos feios com o tempo, todos! Que ganho eu em considerar isso, deprimir-me agora?!
Então ela falou. É lugar comum dizer melhor leão um ano do que cordeiro cem. E é fácil concordar com isso no dia zero do ano 1, mas na prática não conseguimos viver apenas esse único ano. Que fazer nos 99 anos seguintes ou 30 ou 40 que sobram? Voltar a ser cordeiro? Alguém consegue ser tranquilamente cordeiro depois de ter sido uma vez leão? Não, não olhem para mim pensando em leões imperiais, pensem apenas em ter coragem de viver um sonho... e calou-se. Ora bolas, já só cá faltava o toque de melodrama. Talvez assim tenham entendido melhor, mas que me importa se entendem ou não?
Imagino, dizia ele, imagino que amanhã serei leão. E é essa expectativa que me tira da cama todos os dias. E tenho liberdade para pintar a forma como o serei como bem me apetecer. É certo que não caço nada, mas também não serei caçado e muito menos reformado. E ela sorriu com um toque de compaixão que ele leu como resignação.
Eu, dizia um, não consigo sair da internet
Eu, dizia uma jovem muito jovem, não consigo pensar ou considerar o futuro. Sou incapaz de projectar algo para a frente, de fazer algo que o prepare, nem sequer me preocupar com isso. Sim, eu sei, não façam já essa cara. Tenho quem me alimente a conta bancária, mesmo que eu esteja a dormir todo o dia. Aliás nem sequer penso nisso. Os meus pais fazem-no sempre que o acham necessário. É um privilégio que não é para todos é claro. Se passasse fome, pensaria de forma diferente. E podia ser diferente sem passar pela fome, mas é ridículo. Todos ficamos feios com o tempo, todos! Que ganho eu em considerar isso, deprimir-me agora?!
Então ela falou. É lugar comum dizer melhor leão um ano do que cordeiro cem. E é fácil concordar com isso no dia zero do ano 1, mas na prática não conseguimos viver apenas esse único ano. Que fazer nos 99 anos seguintes ou 30 ou 40 que sobram? Voltar a ser cordeiro? Alguém consegue ser tranquilamente cordeiro depois de ter sido uma vez leão? Não, não olhem para mim pensando em leões imperiais, pensem apenas em ter coragem de viver um sonho... e calou-se. Ora bolas, já só cá faltava o toque de melodrama. Talvez assim tenham entendido melhor, mas que me importa se entendem ou não?
Imagino, dizia ele, imagino que amanhã serei leão. E é essa expectativa que me tira da cama todos os dias. E tenho liberdade para pintar a forma como o serei como bem me apetecer. É certo que não caço nada, mas também não serei caçado e muito menos reformado. E ela sorriu com um toque de compaixão que ele leu como resignação.
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