12 fevereiro 2010

Ucrânia

Este mundo globalizado e buliçoso tem uma grande capacidade de nunca parar de nos interrogar, surpreender e fazer reflectir. Desta vez é sobre gente, casas e gente que não tem sítio a que chame afectivamente casa.

No mesmo banco de um aeroporto apinhado, uma expatriada em partida definitiva identificou-me a família pelo logótipo no mostrador do meu PC, família que tinha tido um ponto comum com a sua, ponto de partida para um curto diálogo.

Terminado o projecto em curso, ela avançava para outro, desta vez no país natal, Ucrânia, e num local bem conhecido por todos: Chernobyl.

É bom regressar a casa? Era bom sair daquele local, mas para ela o seu país natal não era equivalente a casa. E se o Ianukovitch ganhar as eleições vai ser ainda pior. Metade do país queria ser russo, metade, onde ela se incluía, queria ser ocidental. A língua aprendida na escola era o russo, não a deles. Nada acontecia, nada mudava e estas eleições iriam provavelmente matar a esperança. Depois, um estrangeirado de regresso, não é necessariamente bem recebido e integrado. Mas é bom regressar a casa ou não? Casa é sempre casa, não é? Casa...? Não... é um local como muitos outros e não especialmente interessante, dizia encolhendo os ombros com uma indiferença mal encenada e um sorriso resignado.

De partida para o embarque disse o nome: Olga. É um nome russo, não é?

E no fim de semana passado o Ianukovitch ganhou as eleições.

Sem comentários: