08 fevereiro 2010

Pedir emprestado não é um acto de soberania

Pode-se, e talvez se deva, contestar as avaliações das agências de rating e as comparações de Portugal com a Grécia, mas esta polémica teve algum mérito. Ainda há 2 meses se achava que o défice era “relativo”, que bem governar poderia passar por aumentá-lo sem problema de maior, a oposição ainda sonhava em ser governo antes do fim deste ciclo eleitoral, continuando em alegre e agressiva campanha, tudo numa grande festa. O mérito da polémica foi lembrar que pedir dinheiro emprestado não é um acto de soberania.

Quem precisa de pedir dinheiro emprestado, está sujeito às regras e às condições de quem empresta. E quem empresta é naturalmente aconselhado por quem sabe/deve saber analisar a qualidade dos devedores. Se as agências de rating manipulam as avaliações para aumentar a percepção de risco e conseguirem maiores remunerações para os seus clientes, é grave. Se não estão suficientemente informadas e lançam palpites com ligeireza também não está certo. A ser assim, isso deveria ser escrutinado e esclarecido, sendo que se está em causa a sua credibilidade, ficará imediatamente em jogo a sua sobrevivência.

Pode a situação portuguesa ser muito diferente da grega, mas vejamos o que se tem passado em termos de governação desde as últimas eleições: ameaça permanente de maioria negativa de bloqueio, parlamente aprova leis avulsas contra a politica anunciada pelo governo, o sempiterno folhetim Madeira, o governo em zigue-zage a fugir das pingas da chuva em infindáveis negociações e cedências... Agora, imagine-se isto visto do exterior pelos potenciais financiadores. É tranquilizador? Seguramente que não o é. É que, ainda por cima, nem sequer se podem nacionalizar essas agências de rating...

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