01 novembro 2009

Três cantos

Um atraso na definição da disponibilidade quase me atirava de novo para os galinheiros lá em cima, neste caso não por limitação de orçamento mas por escassez de lugares disponíveis. Sobrou um camarote ali ao lado do palco, com 6 lugares pagos e em que apenas 4 pessoas podiam ver a cena sentadas. Um som abaixo das expectativas e do mínimo exigível. Para quem busca ouvir cantantes de palavras e não as consegue entender, é frustrante.

Uma selecção de temas que necessariamente sabe a pouco, tal é o tamanho da obra de cada um. Alguns temas datados, mais datados para uns do que para outros, naturalmente. Mas sobretudo um belo momento de música e cultura portuguesa. Os últimos trabalhos de fundo de originais de cada um daquele trio já têm uns anos, mas mesmo que o melhor já tenha passado, são três pessoas que optaram arriscadamente pela música dando um contributo assinalável a sermos o que somos e a sabermos quem somos.

Herdeiros à vista não há. Mesmo o Rui Veloso de outra meia geração à frente parece ter parado. Os tempos são diferentes. Nos tempos actuais mais facilmente se gasta em “shots” numa simples noite do que num CD original, considerado caro. Se há 20-30 anos atrás fosse assim tão fácil “descarregar” música sem pagar, será que eles teriam tido condições para criar e viver da música? Não sei. Sei que ainda recentemente comprei o último álbum de Rão Kyao, “Em Cantado”, porque gosto e porque sim!

2 comentários:

Anónimo disse...

Concordo contigo... haver herdeiros deles é díficil. Eles representam uma época política, musical e social. Os tempos mudaram, mesmo que alguém lhes quisesse seguir as pegadas...
Mas há outros bem portugueses...diferentes, mas igualmente bons. Gostas de Rodrigo Leão, Gift? Irene

Carlos Sampaio disse...

Do que conheço, Rodrigo Leão sim. Gift já me passa um pouco ao lado.

De qualquer forma, e podendo ser pouco "isento", acho que ficam longe destes "dinossauros"