09 novembro 2009

Serei eu o “raro”?

A minha máquina fotográfica principal é uma Sony R1 com 4 anos. Tem uma objectiva fixa da Zeiss 24-120 e estreou o sensor Sony CMOS de 10,3 MPx de dimensão aps-c e que até equipou outras coisas de pedigree superior. Tecnicamente chamam-lhe bridge porque quando se espreita no buraco do visor não se vê a imagem ao vivo mas sim uma reprodução num pequeno monitor lá dentro. Foi um pouco precursora nesse segmento. Tirando situações de pouca luz, pouco usadas por mim, e mesmo não sendo uma metralhadora a focar e a disparar, tem-me dado bastante satisfação.

Ao procurar agora evoluir e ao analisar a oferta existente, vou de espanto em espanto.

Em primeiro lugar todas as máquinas acima de um dado patamar são “reflex”. O reflex consiste num conjunto de espelhos, fixos e móveis, que trazem a luz que atravessa a objectiva até ao visor e ao olho do fotógrafo. No tempo do tudo óptico não havia alternativa. Neste momento, se se fizer uma máquina bridge com o mesmo sensor de uma reflex e com as mesmas lentes, também intermutáveis, e resolvendo a questão da focagem pelo espelho, teremos idênticas performances e fotografias de qualidade igual. Como diferença a máquina será mais leve, mais compacta, mais fiável, silenciosa e mais barata! Para os fotógrafos que valorizem o peso e o toque, seria possível e fácil prever uma versão mais gorda e mais pesada. Mas não existe essa oferta. O que existe é o preconceito de que máquina de qualidade é sinónimo de “reflex”. Nada a fazer, vai ter que ser mesmo reflex.

Uma componente importante da fotografia é a composição, o como se “olha” para a cena a captar. No tempo do tudo óptico, o olho estava colado ao visor e os pontos de visão disponíveis limitados à mobilidade da cabeça. Em particular na vertical, podia-se com mais ou menos conforto, equilíbrio e ginástica estar entre bicos de pés e cócoras. Para ir próximo do nível do chão, só mesmo estendendo ao comprido no dito cujo.

No digital acabou a necessidade de ter o olho colado à câmara. E lá vem nova surpresa: aquilo que qualquer compacta rafeira faz que é mostrar a cena a fotografar num monitor externo, as reflexs têm dificuldade. Algumas de topo de gama como a muito recente Sony A850, por exemplo, não o fazem de todo. Outras fazem-no sem focagem automática e a grande maioria têm-no de uma forma que não interessa. Explico: se eu tiver apenas um monitor fixo nas costas da câmara, continuo a ter que a usar à altura dos olhos. E, para um bicho daqueles, devem ser muito raras as situações em que se justifica ter a máquina na ponta dos braços, afastada do corpo. Se a altura é essa, toca mas é a encostar à cara e a usar o visor tradicional.

Muito interessante é ter um monitor que se possa pôr na horizontal para conseguir fotografar a um nível baixo sem sujar a roupa e poder trabalhar confortavelmente no tripé olhando para a maquina “de cima para baixo”. Em resumo, se 80 ou 90% das fotos são tiradas pelo visor tradicional, existem 10 ou 20% em que dá muito jeito o monitor ajustável e não parece que seja tecnicamente muito difícil consegui-lo. E aqui mais uma surpresa: no topo da gama dos sensores de dimensão APS-C, e em máquinas recentes como Nikkon D300s ou a Canon EOS7D, não existe! Aliás, se a minha investigação está certa, a Canon que consultou mais de 5 mil fotógrafos para desenvolver a 7D, pura e simplesmente ignora o assunto. A Nikkon só se lembrou disso para a 5000. Raios!!!

Serei eu o “raro” ? Bom, pelo menos há uma vantagem. Ao ficar restrito a modelos inferiores irá sobrar-me orçamento!

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