Daquilo que é significativo na nossa vida, mal nos damos conta, e isso não é por certo coisa que interesse aos demais. Que sabe um peixe acerca da água em que nada durante toda a sua existência?
O que é doce ou amargo chega-nos do exterior; já o que é difícil vem de dentro, como resultado no nosso próprio esforço. Durante a maior parte do tempo, faço aquilo que a minha natureza me impele a fazer, e torna-se embaraçoso ser objecto de tanto respeito e afecto por algo assim. É verdade que também cheguei a ser alvo de ódios; mas esses nunca me atingiram, pois de certo modo provinham de outro mundo, com o qual não tenho quaisquer relações.
Vivo numa solidão que é dolorosa quando se é jovem, mas agradável nos anos de maturidade.
Escrito em 1935 com 56 anos de idade.
6 comentários:
Magnífico!
Diria que jamais estranharia que alguém mo dissesse, como ele o disse, mais do que estranho que haja quem estranhe.
Gostei de te ver a postar isso, também! Somos o que escolhemos. Não digo "o que escolhemos ser"; digo "o que escolhemos". Se é o mesmo ou não, ainda tenho que viver!...
Um abraço*
Muito interessante encontrar em Einstein este lado mais humano e afastado da ciência.
E tão intrigante a questão: "que sabe um peixe acerca da água em que nada durante toda a sua existência?"...
Mote para a reflexão do dia. ;))
Beijinhos grandes *** Fica bem.
A Cláudia fez-me lembrar uma ideia que deixei, há pouco, num outro blog, acerca da frase que era o mote: O homem que dizia: "O médico que só sabe Medicina, nem Medicina sabe." (Abel Salazar). E é esta:
"Sempre buscaremos o nosso lugar no mundo porque podemos conhecer o nosso lugar mas não conhecemos o mundo.
Saber de algo é saber relativizá-lo, integrá-lo, ligá-lo ao resto para que dele traga e a ele dê. E conhecer-lhe os limites, para os tentar ultrapassar. E nunca, nunca parar de o fazer!"
Claro que aqui o tema era o do conhecimento paralelo de outras ciências, técnicas e demais saberes; do senso comum também mas... Mas, e do mundo interno, o das vontades e ansiedades, medos e sonhos?... Quanto vemos olhando para fora e quanto vemos olhando para dentro?
Um jinho, de dentro de mim para fora... Pati, Carlitos.
Ressalva: a parte "O homem que dizia" foi a mais, por lapso.
Penso não ser estranho que uma mente brilhante seja multi-facetada. Pelo contrário, julgo ser lógico. E, neste caso, não estamos a falar de um técnico especialista. Estamos a falar num protagonista daquilo que foi uma das maiores aventuras do conhecimento humano: os desenvolvimentos da física do início do século XX. Onde com muita abstracção, dedução, busca de simetrias e matemática, se questionaram e destruíram princípios que pareciam inquestionavelmente "lógicos e evidentes", criando uma nova estrutura que só muito mais tarde foi possível "evidenciar" pela experimentação.
As suas conclusões são, na minha humilde opinião, motivo para um choque "filosófico" muito superior ao anterior da descoberta de que a afinal o Sol não girava em torno da Terra.
Aí para trás, já me referi à problemática do Ser-se mais do que uma só coisa ....
De acordo :-)
E tou indo a esse.
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