29 julho 2006

Se eu tivesse a certeza

Se eu tivesse
A certeza de sonhar
Se eu te conseguisse reconhecer
Num eco fugitivo de mim

Se eu soubesse regressar
À primeira vez que falhei
Se eu pudesse recordar
Como esse sonho enterrei

Se eu avançasse sem fingir
E o esforço do tempo a inventar
Se eu te visse à minha frente
Sem o sorriso engasgar

Então eu partiria
Sim eu partiria
Cruzaria continentes
Desenhados em bolas de sabão
Arrasaria os demónios
Que nos cansam e nos contam
Que o amanhã já cá está

Então eu não saberia
Deslumbrado ignoraria
Infantilmente sonharia
E às fadas escreveria

Então tu serias
Para sempre a princesa
Que eu não ousaria acordar
Porque apesar da loucura
Não esqueceria
Quão tremendo pode ser
O último passo ultrapassar

3 comentários:

APC disse...

Ó, meu Deus! Ele está a poetizar!
Que delícias ou tragédias se escondem por detrás desse seu acto reflexo, incontido... Ou que loucuras?
Que coisas sofre o poeta quando escreve, que mais sofreria se o não fizesse? E que amores e (dis)sabores lhe vão na pena, na alma,na pele, que ele não impede, que o ultrapassam; que desrespeitam limites e assim se reconhecem como tal?
B*:-)

Carlos Sampaio disse...

Não me entendo muito bem com etiquetas mas já dizia o outro: anda tudo à volta do fingimento...

* disse...

certezas?? as que quiseres