11 novembro 2005

Crónica de uma fractura 2

Mais grave do que o problema actual, que já de si é bastante grave, serão as cicatrizes que ficarão quando e como acabar. Os xenófobos terão mais razões para serem xenófobos e arrogantes. Os imigrantes, todos, sentir-se-ão ainda mais desintegrados e olhados com desprezo. E posso garantir que é muito duro viver num meio racista. Obviamente isto não desculpa esta insurreição. Mas a França, agora injustamente a “ferro e fogo”, não terá responsabilidades no “ferro e fogo” que se verifica nalguns países africanos donde fugiram alguns destes imigrantes problemáticos? Pensemos só no petróleo e em tudo o que se passa à sombra dele!

Aqueles “inteligentes” que identificaram logo de início o terrorismo do Al-Qaeda com todo o Islão, e declararam estarmos no limiar de um confronto de civilizações, dirão agora que tinham razão. Fica só por esclarecer se quem chegou primeiro foi a galinha ou o ovo.

Existe claramente uma inversão de ciclo económico e social na Europa. A “vida” vai piorar... Muitos não resistirão a apontar o dedo aos diferentes. Existem condições para alimentar o crescimento galopante do populismo. Receio bem que tempos sombrios se aproximem

1 comentário:

Manolo Heredia disse...

Concordo com essa expectativa do futuro mais ou menos próximo para a Europa.
As razões disso são bem claras: A Europa deixou de ter vantagens competitivas que a colocavam na posição de polo de desenvolvimento mundial. Vendia para todo o mundo tecnologia de ponta feita com matérias-primas mais ou menos "roubadas" aos países sub-desenvolvidos. Agora a África do Sul já faz aviões melhores que os Mirages, o coreia melhores automóveis que os Renaults, etc. e a Europa não conseguiu substituir esses produtos por outros "de ponta", como os cereais trangénicos, os equipamentos militares guiados por satélite, etc. e está a braços com os compromissos criados pelos Estados Sociais. Não vai conseguir responder às expectativas da sua população.
O resultado é o que se vê em França.