19 novembro 2005

Prece




Senhor, livrai-nos do mal. Dizem os crentes que inventaram algo que nos possa livrar de nós.

Senhora, perdoai-me de mim. Do teu ventre inacabado em que claro me impeças de renascer.

Senhor, de ti nada espero. Em ti recuso entregar a outra vida que depois de criança deveria empenhar.

Senhora, o teu sorriso meu suplício, o teu corpo refeita forma, o teu partir pelo meu estar, relicário de enganos, de todos os sonhos recomeçar.

Por mim, menino bolorento. Reincarno a criança que não fui, a loucura que vem atrás.

Senhor, seja em quente, seja em frio, por acção ou por omissão, ela é senhora do meu fim.

1 comentário:

Carlos Sampaio disse...

Maria
(soa um pouco estranho chamar-te Maria...!)
Gostei do comentário. Acho que apanhaste bem o tema...