É frequente ouvirmos dizer que vivemos numa sociedade “mediatizada”, em que os “média” têm um enorme poder, que condicionam fortemente a informação que nos chega e, consequentemente, a nossa visão do mundo. Embora, em parte, isso seja verdade, acho que essa perspectiva deve ser um pouco matizada.
Em primeiro lugar, hoje dispomos, ao alcance de uns cliques, de acesso a um universo de dados (informação?) incomparavelmente superior ao que tínhamos há uma dúzia de anos. Para entender o que se passa, nada melhor do que ler o que os americanos dizem dos franceses e vice-versa e, já agora, o que os espanhóis não dizem de Portugal. No dia 24/05, depois da revelação dos 6,83%, o Le Soir belga e o Le Monde francês falam do deficit português e, curiosamente, o Cinco Dias espanhol fala só do deficit....italiano. Se eu procurar a sério e quiser mesmo estar informado, tenho muito mais facilidade em consegui-lo agora do que no passado.
Em segundo lugar, a enorme facilidade com que se coloca e acede a informação na Internet poderá pôr em causa o valor da palavra escrita. Existem, e em várias línguas, expressões que consagram a credibilidade dos livros e da escrita. Exemplo: “isso não vem nos livros”; “o que ele diz não se escreve”, “to act by the book”, etc.
No entanto, se eu escrever neste blogue que a obra Os Lusíadas foi escrita por mim em 1991, não será impossível que alguém encontre esta referência, escrita, ao pesquisar “Lusíadas” num motor de busca. É um caso limite e caricato mas, de facto, podemos encontrar muita asneira que nos apanhe distraídos. Tendemos a acreditar no que vemos escrito com alguma ligeireza.
Se pensarmos na situação actual da palavra impressa, cada publicação tem autor e editor claramente identificados e responsabilizados. Ao “pesar” um livro na livraria, faz-se alguma avaliação, obviamente subjectiva. Não os podemos comprar todos e, por isso, somos naturalmente selectivos. O mesmo cuidado não temos, ou não necessitamos de ter, quando vamos ler as referências que saem num motor de busca. É tudo muito mais rápido e mais simples. Neste raciocínio, já nem questiono que critérios de ordenação terá cada motor de busca, sabendo que a primeira meia dúzia de referências tem muito maior probabilidades de ser consultada do que as últimas.
Apesar de tudo, é melhor ficar perdido em muitas entradas, incluindo lixo, do que ler um único jornal. Talvez não estejamos é ainda habituados a lidar com esta dose excessiva de coisas escritas que, além de simplificar, também complica. Talvez nos esqueçamos que há muitas coisas que se escrevem e que não se lêem.
Em primeiro lugar, hoje dispomos, ao alcance de uns cliques, de acesso a um universo de dados (informação?) incomparavelmente superior ao que tínhamos há uma dúzia de anos. Para entender o que se passa, nada melhor do que ler o que os americanos dizem dos franceses e vice-versa e, já agora, o que os espanhóis não dizem de Portugal. No dia 24/05, depois da revelação dos 6,83%, o Le Soir belga e o Le Monde francês falam do deficit português e, curiosamente, o Cinco Dias espanhol fala só do deficit....italiano. Se eu procurar a sério e quiser mesmo estar informado, tenho muito mais facilidade em consegui-lo agora do que no passado.
Em segundo lugar, a enorme facilidade com que se coloca e acede a informação na Internet poderá pôr em causa o valor da palavra escrita. Existem, e em várias línguas, expressões que consagram a credibilidade dos livros e da escrita. Exemplo: “isso não vem nos livros”; “o que ele diz não se escreve”, “to act by the book”, etc.
No entanto, se eu escrever neste blogue que a obra Os Lusíadas foi escrita por mim em 1991, não será impossível que alguém encontre esta referência, escrita, ao pesquisar “Lusíadas” num motor de busca. É um caso limite e caricato mas, de facto, podemos encontrar muita asneira que nos apanhe distraídos. Tendemos a acreditar no que vemos escrito com alguma ligeireza.
Se pensarmos na situação actual da palavra impressa, cada publicação tem autor e editor claramente identificados e responsabilizados. Ao “pesar” um livro na livraria, faz-se alguma avaliação, obviamente subjectiva. Não os podemos comprar todos e, por isso, somos naturalmente selectivos. O mesmo cuidado não temos, ou não necessitamos de ter, quando vamos ler as referências que saem num motor de busca. É tudo muito mais rápido e mais simples. Neste raciocínio, já nem questiono que critérios de ordenação terá cada motor de busca, sabendo que a primeira meia dúzia de referências tem muito maior probabilidades de ser consultada do que as últimas.
Apesar de tudo, é melhor ficar perdido em muitas entradas, incluindo lixo, do que ler um único jornal. Talvez não estejamos é ainda habituados a lidar com esta dose excessiva de coisas escritas que, além de simplificar, também complica. Talvez nos esqueçamos que há muitas coisas que se escrevem e que não se lêem.
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