Saiu, há uns tempos, um top mundial das palavras mais difíceis de traduzir. O facto de a nossa “saudade” aparece bastante bem colocada, proporciona uma reflexão sobre o valor que terá, positivo ou negativo, revermo-nos colectivamente nessa palavra.
Se considerarmos “saudade = lamentar a ausência; nostalgia do passado”, teremos aquela noção passiva e derrotista mas, ao mesmo tempo, relativamente fácil de traduzir. A dificuldade da tradução não virá da peculiaridade da palavra em si mas da complexidade do conceito associado.
Na minha opinião, a saudade está associada a uma inquietação do “só estou bem onde não estou” e a um sentimento de incompleto do “há sempre algo que falta”. Pode, por isso, desenvolver uma atitude de introspecção, interrogação e acção ricas e não necessariamente resignadas. Faz sentido falar em saudades do futuro?
Arriscando um pouco mais e tentando desenvolver uma definição para a essa saudade: Não somos de “cá”, não pertencemos ao “agora” neste lugar. A saudade é a dor cravada de acreditar que, noutro lugar, um outro tempo nos espera. Sempre haverá uma terra prometida, onde eu daqui saiba como lá estar. E, no fundo, inconsciente, espero tão cedo lá não vir a chegar. Porque aí, nesse tempo, não saberia como ficar e, novamente, outro lugar teria que projectar. No fim, não somos de nada, ou este somos não existe. No fim, entre ser, tempo e nada, renascerá um doce amargo engano, de em tudo ter acreditado e de nada ter entendido.
Agora traduzam lá....
Se considerarmos “saudade = lamentar a ausência; nostalgia do passado”, teremos aquela noção passiva e derrotista mas, ao mesmo tempo, relativamente fácil de traduzir. A dificuldade da tradução não virá da peculiaridade da palavra em si mas da complexidade do conceito associado.
Na minha opinião, a saudade está associada a uma inquietação do “só estou bem onde não estou” e a um sentimento de incompleto do “há sempre algo que falta”. Pode, por isso, desenvolver uma atitude de introspecção, interrogação e acção ricas e não necessariamente resignadas. Faz sentido falar em saudades do futuro?
Arriscando um pouco mais e tentando desenvolver uma definição para a essa saudade: Não somos de “cá”, não pertencemos ao “agora” neste lugar. A saudade é a dor cravada de acreditar que, noutro lugar, um outro tempo nos espera. Sempre haverá uma terra prometida, onde eu daqui saiba como lá estar. E, no fundo, inconsciente, espero tão cedo lá não vir a chegar. Porque aí, nesse tempo, não saberia como ficar e, novamente, outro lugar teria que projectar. No fim, não somos de nada, ou este somos não existe. No fim, entre ser, tempo e nada, renascerá um doce amargo engano, de em tudo ter acreditado e de nada ter entendido.
Agora traduzam lá....
2 comentários:
Interessante o seu jogo de palavras/ideias. Também associo à palavra "saudade" o termo "eu só estou bem onde eu não estou", essa inquietação permanente... mas na nossa tradição ocidental, catolicismo, é sempre aliado do depois o paraíso, contudo e muito contraditoriamente, a maior parte dos católicos, preferem o "quanto mais tarde melhor", no fundo o homem acreditando em Deus, continua a duvidar: e após tudo isto? a dúvida TO BE OR NOT TO BE de Shakespeare em Hamlet, no famoso monólogo do III acto. Está lá tudo o q um ser humano possa pensar sobre o tema: e o ser dp da morte? Contudo de há alguns anos a esta parte, para mim, esse "ser dp da morte" será uma partícula q alimenta outros seres e portanto a suprema metamorfose... daí ser muito mais interessante, para mim, o enterro católico, do que todas as outras vertentes, de todas as outras religiões... e este comentário não tem absolutamente nada a ver com uma visão puramente ocidental da questão... todas as religiões deverão ser aceites pelo homem... pois cada povo tem direito a lidar com o seu "ser" da forma mais intimista possível... E acreditar em algo deveria ser só uma via de reflexão para sermos melhores... e só nessa perspectiva faz, para mim, sentido acreditar...
Cara Nancy Brown
Tenho alguma dificuldade em responder ao seu comentário. No entanto, de uma forma um pouco redutora, citaria em oposição Albert Camus: "Não existe amanhã, visto que se morre"
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