Começo a sentir vergonha alheia pelo meu país e por quem o
dirige. Em escassos dias o nosso Primeiro-ministro conseguiu a habilidade de
deixar duas tristes e vergonhosas marcas para a sua e nossa posteridade.
Uma delas foi queixar-se de Carlos Moedas não lhe ter ligado
por causa da inundação na sua garagem. Efetivamente, naquele contexto
catastrófico, não é o Governo que deve aparecer, ser solidário e cooperar com
as necessárias ações a tomar; é o Presidente da Câmara que tem obrigação de
transmitir as suas condolências aos cidadãos “alfa” da cidade. Triste modelo,
no mínimo anacrónico – se ao menos o PS fosse um partido monárquico…
A segunda foi a referência aos “queques a guinchar”, em entrevista formal. Concorde-se ou não a IL apresenta propostas concretas, em discursos corretos e mesmo que fossem uns excitados histriónicos, um PM não pode usar aquela linguagem, ponto! Nas recorrentes evocações e comparações com o Chega, inevitavelmente referido na mesma passagem, o PS brinca com o fogo. Promover uma oposição desqualificável pode parecer boa tática a curto prazo, mas não é por aí que virá uma evolução séria para o país e para o próprio PS. A qualidade de um projeto é, mais tarde ou mais cedo, reflexo da qualidade de quem o questiona. Está o PS pouco preocupado com a sua qualidade a prazo… e a do país?
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