Há uma expressão “calçar os sapatos dos outros”, ou colocar-se na sua pele, que apela a experimentar ver um problema pelo lado do outro, eventualmente um adversário, e assim procurar entender o seu raciocínio, o seu ponto de vista e compreender melhor as suas ações.
Existe algo um pouco complementar que é o tentar colocar os
outros no nosso lugar. Desconhecendo os fundamentos das suas motivações, trata-se
de imaginá-las à luz dos nossos valores e princípios. É um jogo potencialmente
perigoso.
Aqueles que apelam ao diálogo e à diplomacia face aos
autoritarismos e agressões, das quais a situação na Ucrânia é o atual exemplo
mais agudo, acham que como “connosco”, “com os outros” a lógica será a mesma.
Obviamente que para Putin, tal como Hitler em 1938, há um sistema de valores
que não é o “nosso”. Não é o diálogo, nem a argumentação que os convencem. É a
força, militar, económica ou outra.
O sistema de valores que defendemos necessita de ser forte
para resistir, sem hesitações nem meias-medidas. As botas de Putin são muito
diferentes das nossas. Não serve de nada imaginá-lo a calçar as nossas, não há
calçadeira que tal consiga.
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