14 dezembro 2022

Dois mais dois


O livro de Luciano Amaral, “Economia Portuguesa – As últimas décadas” é uma excelente síntese que permite ver por onde temos andado e de como aqui chegamos. O grosso dos factos elencados não traz muitas novidades, mas a sua colocação em sequência e perspetiva ajuda a entender a dinâmica.

De um Estado sem direitos, antes de 74, mas com a economia a crescer, passamos a um Estado com todos os direitos, mas de economia estagnada e a endividar-se de forma insustentável. Certo que a transição inicial durante a crise dos 70s não ocorreu no melhor contexto; certo terem existido alguns períodos de animação económica, mas não consolidaram; certo que, depois da fixação do cambio e posterior entrada no Euro, deixamos de poder compensar com a desvalorização da divisa os desajustes criados, mas… 20 anos após a chegada do Euro, ainda estarmos estruturalmente a derrapar e a não progredir, é sinal de alguns equívocos persistentes e/ou incompetência. Se ilustração faltasse, a Roménia a ligar o pisca para nos ultrapassar é um bom exemplo, depois de tantos outros já o terem feito.

Dois mais dois é quatro, dois menos três é negativo e a vida depois do défice permanente é a falência ou a mendicância. O interesse principal deste livro é colocar-nos face a uma decorrente e persistente incapacidade de gerar riqueza para pagar os compromissos que não paramos de assumir. Nas notícias do dia vemos muitas das “pequenas” coisas que nos agarram à cepa torta. Uma reflexão séria sobre o resultado, para lá da espuma dos dias, impõe-se. Isto se pretendemos efetivamente mudar de vida e deixar de ser falidos e/ou pedintes

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