20 junho 2016

Que força é esta…?


Quando for grande irei estudar a evolução das religiões e respetivas assimilações e interações com outros cultos e tradições estranhos à sua base original. Até que ponto a religião molda a sociedade/cultura, em que medida a sociedade e a tradição local contrariam e influenciam a religião.

Nesta foto, tirada por mim numa missa recente, procuro apontar o carater matriarcal atual da religião católica. As Nossas Senhoras estão por todo o lado e são fundamentalmente elas quem atrai as multidões peregrinas. Só como exemplo podemos citar Fátima, Lourdes, Guadalupe, Aparecida, Pilar, mas a lista é infindável. O sentir da religião católica hoje tem por destinatário muito mais Maria, do que a Santíssima Trindade habitual (e oficial). Como aconteceu isto, como se desenvolveu este culto, atingindo uma dimensão sem correspondência com o destaque de Maria nos livros sagrados originais?

A Kaaba de Meca, existia antes de Maomé começar a pregar a nova religião e foi “integrada”, acabando por se tornar o local central principal do Islão. Há inclusive um episódio curioso, que para a maioria provavelmente apenas evoca o título do romance polémico de Salman Rushdie: “Os versículos satânicos”. Os versículos do Corão são apresentados como a transcrição da mensagem divina, transmitida a Maomé pelo Arcanjo S. Gabriel. Ora, numa dada passagem, S. Gabriel terá dito a Maomé que três divindades “antigas”, muito populares na altura, seriam aceitáveis no ponto de vista de Deus. No entanto, mais tarde, concluíram que afinal teria sido uma mensagem falsa, transmitida pelo Diabo, que enganou Maomé, presumindo ser o arcanjo, e a bendição dessas divindades foi revogada.

Antes e durante existem forças estranhas à fé ortodoxa (no sentido literal da palavra) que a desafiam. Às vezes ganham, outras vezes perdem. Que forças são estas, donde nasceram, como se diferenciaram? São apenas heranças de espiritualidades antigas, que caíram mas sem se apagaram completamente do (in)consciente dos povos? Este jogo e esta relação de forças são um tema apaixonante da história das civilizações.

E não é por acaso que falo disto nesta altura dos “Santos Populares”, uma apropriação das festividades pagãs do solstício de Verão. Se não os podes vencer, junta-te a eles?

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