Por norma tenho um sono pesado, principalmente na primeira fase. Por exceção, já tinha sido acordado naquele local há uns meses, quando um tremor de terra pusera a porta do quarto de banho a bater violentamente contra a parede e a cama a deslizar pelo quarto. Um abanão idêntico tinha ocorrido uma semana antes, na minha ausência, sendo a probabilidade de tal voltar a acontecer baixa.
Desta vez acordei com uns gritos e os ruídos de algo pesado a ser pousado e arrastado pelo chão, comentando para mim mesmo: Este pessoal hoje está nervoso… andarem assim aos berros a arrastar a mobília a estas horas! Desde que uma vez acordei com uns técnicos a resolverem um problema de canalizações dentro do meu quarto de banho, sem sequer dizerem boa noite, que me surpreendo pouco com coisas bizarras. Uns minutos depois telefona-me um colega, alojado no mesmo hotel: “Anda por aí um incêndio, desça, desça!”.
O tempo de vestir e calçar algo e lá vou escadas abaixo, cruzando-me com os “gendarmes” que subiam para investigar. Uns minutos depois chegaram os bombeiros, mas o fogo já tinha sido dominado pelos empregados do hotel. Os tais ruídos não eram da mobília, mas sim dos extintores a serem transportados e pousados no chão. O sistema de alarme que funcionou foi o guarda noturno da rua, que viu fumo a sair pela janela. Felizmente a janela dava para a rua.
Arderam as duas camas e parte da mobília do quarto 304, imediatamente por cima do 204, o meu… Dado que o calor sobe, seria pior se eu estivesse no 404. A boa notícia é de que a probabilidade de tal voltar a acontecer é baixa (e o importante é que recarreguem os extintores rapidamente).
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