07 junho 2016

Administrar a Caixa

Foi notícia a nomeação do novo conselho de administração da CGD, onde o número de membros passou de 14 para 19. É também sabido que o banco público está com um buraco enorme, fruto do contexto económico e de vários calotes (evitáveis ou inevitáveis…). Não se sabe ainda bem como será tapado o buraco, mas poucos serão os que acreditam na história do “sem custo para os contribuintes”.

Neste contexto, os 19 administradores da CGD serão uma obscenidade? Por um lado, pelo número, diria que sim. Parece mais um parque de estacionamento para quem perdeu a garagem. Por outro lado, as remunerações anunciadas para os administradores não executivos da ordem dos 20 mil Eur/ano são um mistério para mim. É um valor demasiado elevado para não fazer nada e relativamente pequeno para o nível de responsabilidade supostamente envolvida.

Será que para evitar derivas perigosas na gestão do banco é importante ter um número elevado de administradores, mesmo a 20 mil Eur/ano. E serão realmente isentos e independentes quando este valor é muito provavelmente minoritário na sua declaração de rendimentos? E o complemento de rendimento desses administradores terá que origem e que interesses? E o não conflito desses interesses com a função em causa está garantido? E o problema da CGD, e de outras entidades da esfera pública, não terá origem precisamente numa certa promiscuidade e cruzamento de interesses de quem a conduziu? E, sendo assim, será aumentando o número de administradores para 19 que se vacina a doença? Não é. Se o espírito e os princípios se mantiverem, até se poderão arranjar 190, que nada no fundo mudará.

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