31 maio 2016

O preço dos bolinhos

Imaginem entrar num centro comercial onde todos os comerciantes sabem o histórico das vossas compras, as lojas onde entraram, os produtos em que tocaram, os livros que folhearam, as roupas que experimentaram e tudo, tudo, tudo...

Por um lado, tem algo de útil. Permite a cada vendedor ajustar a sua oferta às preferências do cliente. Mas será que gostaríamos de ser assim um livro aberto? E se essa informação tiver sido recolhida pelo pessoal do sistema de vigilância, que depois a vendou às lojas?

É mais ou menos isto que ocorre com a nossa navegação na internet. A maioria (todos?) os sites que visitamos deixam no nosso PC um registo – o cookie. Dá jeito, por exemplo, para não precisarmos de reintroduzir os nossos dados de todas as vezes que lá voltamos. Mas os bolinhos também registam por onde andamos e depois reportam-no ao seu mestre. Não é por acaso que após consultarmos informação sobre um dado produto, nos aparece de seguida publicidade a esse mesmo produto noutras páginas, não relacionadas.

Recentemente o Facebook anunciou que vai passar a “seguir” mesmo quem não tenha conta na rede social. Sempre no espírito altruísta de nos “ajudar a termos uma melhor experiência””. Lá clicamos pois naquele irritante botãozinho onde “aceitamos os bolinhos” e alguém irá poder faturar um pouco mais aos seus anunciantes. Não há bolinhos grátis e a informação sobre a nossa vida e opções é cada vez mais uma mercadoria transacionável, mesmo sem o sabermos.

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