03 maio 2016

Veremos se…


Leio as notícias acerca das investigações policiais sobre a subconcessão do Estaleiros Navais de Viana do Castelo e a venda do Atlântida. Neste momento, pode invocar-se a presunção de inocência ou o não há fumo sem fogo. Esperando para ver, com a esperança de um dia se chegar a ver tudo, apetece-me avançar umas reflexões.

Se, se realmente há fogo por trás deste fumo, só se poderá concluir não existirem limites para o despudor do poder político. Depois de tantos anos de gestão ruinosa, de todos os quadrantes, depois do escândalo sem medida e sem culpados do Atlântida, estas operações finais, a subconcessão e a venda do navio, estariam, naturalmente, sob um escrutínio muito apertado.

Se, se nestas circunstâncias, foi possível ousar realizar dois concursos públicos “traficados”, prejudicando ainda mais o interesse público, efetivamente não haverá limites. Fica a tentação de dizer que a solução é acabar com todas as empresas públicas, em geral sorvedouros de recursos e fontes inesgotáveis de mãos práticas, mas não é tão simples assim. Independentemente de haver limites razoáveis para o âmbito da propriedade estatal, que não me parece incluir estaleiros, inevitavelmente há e haverá fundos importantes a gerir pelo poder político. Não podemos defender uma solução simplista do género, retirar a louça cara do alcance dos meninos para estes não a partirem.

Os meninos, todos, têm que ser responsabilizados, embora quanto menos acesso tiverem a louça frágil, melhor…

PS: Este texto está feito em cima de muitos “se”s, um mau princípio. Veremos se o futuro confirma ou não a sua pertinência.

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