26 maio 2016

Nomadismo laboral


Um destes dias, em Kenitra, Marrocos, depois de concluída a reunião do início da manhã e comprado o bilhete do comboio para Tanger das 11h25, sentei-me numa esplanada ao lado da estação. Abri o computador, liguei-me à internet, respondi às mensagens pendentes, fiz o relatório da reunião da manhã, acompanhei a evolução de umas encomendas e até fiz um desvio pessoal pelo banco.

Entretanto, o transito passava na rua à minha frente, dois engraxadores vieram oferecer os seus serviços e eu continuei, pouco menos do que imperturbável a bater nas teclas. Curiosamente, era o meu 6º local de trabalho improvisado em 24 horas e já sem contar as consultas apressadas ao telemóvel, com um olho a ler e outro a espreitar o próximo obstáculo do caminho. No início da manhã anterior tinha aberto praça na sala de espera de Campanhã, a seguir no comboio Porto – Lisboa, depois num cantinho estratégico do aeroporto de Lisboa que tem uma tomada elétrica ao lado, depois no comboio Casablanca – Kenitra e finalmente no hotel. Desses 6 locais, 5 eram públicos.

Numa reflexão, ao assistir ao à vontade com que abri o PC e me instalei na esplanada, questionei-me. Se estivesse a fazer isto no meu local de trabalho fixo, trabalharia de forma muito diferente? Tirando um certo stress de controlar o relógio para não perder o comboio, a resposta, curiosamente, é: não. Não seria muito diferente. Sem chegar ao ponto de dizer que ficaria perturbado com a tranquilidade, embora, no futuro, quem sabe…

PS. E logo a seguir voltei a montar tenda no comboio Kenitra – Tanger.
E o monitor está escurecido para poupar a bateria...

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