18 abril 2016

Amigos e negócios

Há que diga que amizades nascidas de negócios podem ser boas amizades, mas negócios nascidos de amizades, serão provavelmente maus negócios. Eu concordo. A relação de amizade implica sempre alguma cumplicidade que não ajuda à objetividade e à exigência clara e mútua, fundamentais para uma sã relação de negócios. Posso, obviamente, ter um amigo que me ajuda a preencher o meu IRS sem uma compensação direta e assumida para esse serviço. É uma escala pequena. Pode ser um favor feito em generosidade pura, mas, como é óbvio, se ele precisar de algo meu, antes ou depois, eu estarei também disponível para ajudar.

Muito estranho e inexplicável é quando um membro do Governo, eventualmente até o Primeiro-Ministro, se serve gratuitamente de um amigo para negociar temas sensíveis envolvendo interesses nacionais significativos, à margem de toda a máquina do Estado, que nem é pequena. Generosidade pura de um amigo que ajuda o outro amigo? Inúmeras perguntas sem resposta razoável se podem acrescentar, havendo dois fatos fundamentais. Não está em causa preencher uma declaração IRS, nem “ajudar” um amigo que, por acaso, é Primeiro-Ministro.

Independentemente das qualidades do amigo e da sua eventual boa vontade desinteressada, estes temas têm que ser tratados num quadro de responsabilização bem definida e, de preferência, evitando até as amizades…

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