Das poucas vezes que estive na Tunísia, ainda no tempo de Ben Ali, ficou-me a imagem de um país extremamente policiado. No rescaldo das “primaveras árabes”, parecia ser o único país onde um regime democrático se conseguiria consolidar, ultrapassando a radicalização e a confrontação pós-revolução e evitando também (re)cair no autoritarismo militar.
Se na nova Tunísia democrática, existia um reduto de militantes islâmicos radicais nos montes Chaambi, isso parecia ser apenas isso mesmo: um reduto confinado. Com a colaboração da Argélia fechando do outro lado, seria uma questão de tempo até neutralizar os guerrilheiros. O atentado no museu do Bardo de Março deste ano foi um golpe duro – no pleno centro da capital e num dos principais locais turísticos do país. Podia-se entender ser um caso isolado, uma infelicidade que não se repetiria.
O ataque desta semana na praia de Sousse parece ser agora um golpe fatal. Efetivamente, os serviços de segurança tunisinos demonstraram serem incapazes de acompanhar e controlar estes acontecimentos. Longe estão dos tempos de Ben Ali e existe também a novidade da Líbia ali ao lado, completamente descontrolada e infestada (já se lembraram de fazer o balanço da guerra patrocinada pelo exterior que derrubou Khadafi?).
Dificilmente o turismo no país, que tem um peso enorme na sua economia, retomará deste choque, pelo menos a curto prazo. A Tunísia ficará mais pobre e os tunisinos pior. Não o merecem. Numa guerra existem soldados, generais e banqueiros. Nos jornais estamos a ver apenas os soldados…
Se na nova Tunísia democrática, existia um reduto de militantes islâmicos radicais nos montes Chaambi, isso parecia ser apenas isso mesmo: um reduto confinado. Com a colaboração da Argélia fechando do outro lado, seria uma questão de tempo até neutralizar os guerrilheiros. O atentado no museu do Bardo de Março deste ano foi um golpe duro – no pleno centro da capital e num dos principais locais turísticos do país. Podia-se entender ser um caso isolado, uma infelicidade que não se repetiria.
O ataque desta semana na praia de Sousse parece ser agora um golpe fatal. Efetivamente, os serviços de segurança tunisinos demonstraram serem incapazes de acompanhar e controlar estes acontecimentos. Longe estão dos tempos de Ben Ali e existe também a novidade da Líbia ali ao lado, completamente descontrolada e infestada (já se lembraram de fazer o balanço da guerra patrocinada pelo exterior que derrubou Khadafi?).
Dificilmente o turismo no país, que tem um peso enorme na sua economia, retomará deste choque, pelo menos a curto prazo. A Tunísia ficará mais pobre e os tunisinos pior. Não o merecem. Numa guerra existem soldados, generais e banqueiros. Nos jornais estamos a ver apenas os soldados…
2 comentários:
O único caso de "sucesso" da chamada "Primavera Árabe" foi a Tunísia.Há que desestabilizá-la portanto! O autor do blog tem toda a razão quando afirma que a "ajuda" da NATO na queda de Kadafi
foi negativa e indesejável. Ajudou a instalar o fundamentalismo islâmico, com graves consequências para o futuro da Europa. Que vemos agora? Milhares de refugiados, vindos de todo o lado (Norte de África, Síria etc.) e, com toda a certeza (o SEF já avisou), entre eles muitos operacionais.
Não se augura nada de bom para a Europa, mas lutar contra isto não é "politicamente correto", pode até, por quem detém o poder, ser considerado "racismo".
O EI está aí. Veio para semear o terror e com espírito de reconquista. Depois não se queixem...
Cumprimentos ao sr. Carlos Sampaio.
Caro A. Rocha
Agradeço o seu comentário com o qual naturalmente concordo. Se percorrer as etiquetas “Tunisia”, “Líbia” e “Primavera Árabe” encontrará mais desenvolvimentos sobre estes assuntos que acompanho com alguma atenção. Realço apenas que a NATO embarcou (saber-se-á um dia ao certo porquê) num processo de que penso não foram os principais mentores. Esses estão mais para o leste…
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