03 junho 2015

O fim da austeridade

É um assunto sério que se tem tornado objeto de politiquice: a austeridade. Alguns entendem a “opção” pela austeridade como a escolha da cor de uma camisola. Antes era azul, depois mudou-se para preto e agora era bom retornar ao azul. Como os gregos estão a comprovar penosamente, a “austeridade” não se resolve com decretos voluntariosos.

Sendo inquestionável a necessidade de equilibrar os orçamentos, o primeiro ponto é o perímetro do orçamento. Não podemos pedir a uma pequena aldeia na serra para pagar com os seus próprios recursos os serviços básicos de que necessita. Tem que existir um perímetro maior, solidário. Se deve existir uma solidariedade europeia, e convém recordar que muito já recebemos nestes quase 30 anos, também não podemos cair numa situação “à Alberto João”, em que a solidariedade é exigida, quase chantageada, sem querer prestar contas.

A abordagem séria passa por debater como vai ser a Europa, sendo óbvio que discursos “à Alberto João” arrefecem o espirito solidário dos outros países, onde também há democracia, e mais transferências inevitavelmente implicarão mais centralização e menos “soberania”. De qualquer forma, todos os orçamentos têm limites e a questão não será a necessidade de cortar, mas sim onde cortar. Qualquer cidadão minimamente informado sabe que o aparelho de Estado continua a delapidar fundos por questões estruturais e por más práticas. Infelizmente isto não parece estar na agenda. Discutir sim ou não à “austeridade” é um primarismo inconsequente e uma distração.

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