26 junho 2015

O que falta?

40 anos após a independência das nossas ex-colónias o balanço é algo complexo. É fácil concordar que a autodeterminação desses povos era um direito que lhes assistia, assim como é fácil constatar que, nalguns casos, a luta original foi confiscada por outros interesses, como a constituição em Angola de um palco quente para a guerra fria e que não se encerrou com a independência. Pode-se atribuir uma boa parte dos problemas que persistem à fraca herança deixada pelo colonizador, mas evitando, se possível, chegar à situação do Brasil, que julga ainda sofrer dos males deixados pelo colonizador há alguns séculos.

Apesar de o caminho para a autonomia das colónias portuguesas ter sido muito diferente do de outros países africanos, não se encontram diferenças muito grandes na situação atual face a países análogos e vizinhos. África ainda tem um longo caminho a percorrer até ter uma sólida classe média, motor do desenvolvimento económico e social e pilar crítico da boa governação. Quando se lê alguma reflexão sobre o assunto, como num editorial recente da Jeune Afrique, o diagnóstico e a receita sugerida nem sequer estão claros.

Há, no entanto, um caso muito curioso: Guiné Bissau e Cabo Verde. O mesmo colonizador e, inicialmente, até um movimento de libertação comum: PAIGC. Hoje as diferenças entre esses países são abismais. Uma análise comparativa das duas evoluções seria muito interessante: o que houve em Cabo Verde que falhou na Guiné Bissau?

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