14 maio 2015

Homem contra máquina


Face à facilidade com que um computador se poderia ter eficazmente sobreposto ao piloto tresloucado da “Germanwings”, dei comigo a discutir com um colega meu que acredita naquilo que se designa por “singularidade tecnológica”: um dia seremos mesmos ultrapassados definitivamente pelas máquinas, mudando irreversivelmente o mundo em nosso desfavor. Este tema da substituição do homem pela máquina tem, muitas vezes, uma abordagem emotiva. Sentimo-nos ameaçados por um robot industrial, que substitui 3 ou 4 pessoas no máximo, se houver turnos, e ninguém se choca com um simples tractor que substitui muito mais gente.

Eu tenho uma posição meia “religiosa” quanto aos limites da máquina face ao homem. Por muitas camadas de programação que existam, por mais capacidade de processamento disponível, no fim, no fim, o computador recebe dados de entrada, compara-os, processa-os e gera uma saída. Num avião, ao sentir uma descida de altitude, o computador pode facilmente actuar e corrigi-la. Se atravessar uma zona de turbulência um dia, pode aprender que aquelas nuvens são instáveis e tentar evitá-las para uma próxima. Não pode, no entanto, espontaneamente inventar um caminho. Pode fazer uma combinação mais ou menos aleatória e definir um percurso, mas um computador não consegue ser verdadeiramente imprevisível e aleatório. Neste ponto o ser humano, para o bem e para o mal, é diferente: inventa genuinamente.

O que também acontece, por vezes, é os humanos misturarem umas coisas já existentes, mais ou menos à sorte, e chamarem-lhe “criação”. Esses estão tramados, porque serão muito facilmente derrotados pela máquina!

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