23 maio 2015

A árvore e a floresta


Em 1981, Desmond Morris publicou “A tribo do futebol”, uma obra muito interessante sobre o fenómeno social do futebol e respetiva agressividade. O livro está hoje considerado desatualizado no seu contexto original, Inglaterra. Entretanto, ocorreram as tragédias de Hillsborough e do Heysel, foram aplicados pesados castigos aos clubes ingleses, tomadas várias medidas e, aparentemente, a situação mudou significativamente.

Por estes lados, podem os estádios cumprir todos os regulamentos de segurança, mas continua a imperar um espírito tribal e didática de boas maneiras é coisa que não existe. Não é normal o aparelho policial que se mobiliza ao longo do ano (uma boa parte à custa do contribuinte) e não são aceitáveis os atos de vandalismo sistemáticos. No caso da agressão do polícia ao adepto do Benfica, em Guimarães, a atenuante de ter sido provocado, de ter passado longas horas de elevado stress não é desculpa, mas também não é aceitável insultar e desrespeitar continuamente a polícia.

Entreposta entre duas tribos rivais, a polícia acaba reconhecida como uma tribo inimiga. Só que a polícia é naturalmente inimiga dos marginais. É com estes que os adeptos se querem identificar? Qual o objetivo e o significado de os écrans gigantes de Lisboa terem passado imagens dos confrontos com essa terceira tribo? Era uma batalha também a evocar?!

Esta situação tem que ser parada e independentemente do risco de um dia ocorrer uma tragédia maior. Responsabilizar e castigar, fechar os estádios, suspender o campeonato… o que for preciso. A solução não pode ser reforçar e reforçar a polícia. Até porque com a polícia de choque o problema fundamental não está na forma como intervém, o problema está na necessidade de intervir.

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