02 junho 2009

E ainda os descobridores...

Como dizia atrás, parece que os australianos têm grande orgulho em o seu continente ter sido descoberto pelo civilizado Cook e não pelos pobres tristes tugas. Lembra-me o Brasil onde muita gente continua a achar que a culpa do seu deficit de desenvolvimento é do Cabral. Se em vez dele tivesse sido um Smith qualquer, hoje eles seriam os USSA – United States of South América, a par e par com os USA, que se veriam aliás obrigados a adoptar uma designação mais específica de USNA!

Se calhar, não é bem assim. Acho que o Brasil se compara melhor com a Austrália. Os EUA estão numa latitude geográfica muito diferente e nestas coisas de desenvolvimento, a temperatura, a fertilidade das terras e o esforço de sobrevivência necessário tem uma grande influência nas mentalidades (e vou estrategicamente esquecer que o Porto tem exactamente a latitude de Nova Iorque… ).

Reconheço que nunca estive na Austrália e conheço muito pouco dela para grandes conclusões mas talvez isso já seja uma pista. O que resultou da construção anglo-saxónica da Austrália, onde uma elite relegou a população indígena ao estatuto de quase “gado”? Será globalmente mais limpinho e organizado do que o Brasil, mas qual a marca cultural que a Austrália tem no mundo (para lá da Nicole, claro!) ? Perguntas que ficam.

O que resultou do Brasil mestiço? Sendo certo que a nossa proximidade nos dá uma posição de espectador privilegiada, não parece haver dúvidas de que o Brasil é muito mais definido, aberto e culturalmente imensamente mais rico do que a Austrália. Eu não sei bem o que preferira mas estou convencido que se pensarem nisto a sério os brasileiros não ficarão assim tanto entusiasmados com o cenário da hipotética troca do Cabral pelo Cook.

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