23 junho 2009

E também somos todos Neda



Há alturas em que o Glosa Crua “entope”. E desta vez foi uma delas. Mortos há muitos, todos os dias, e, como eu dizia, na Pérsia até há relativamente poucos. Mas a distância e a proximidade são relativas e fazem alguma/muita diferença. Se eu não tivesse passado 24 horas, apenas, em Teerão há 6 meses não teria sentido o que escrevi no dia 19.6. E no dia seguinte Neda foi morta na rua. Como dizia o/a comentador/a a jovem de expressão bonita e brilhante da foto que eu usei, poderia ser Neda.
A facilidade de captação e de divulgação de imagens fez com que esses momentos dramáticos ficassem registados e dessem a volta ao mundo num ápice. E todo o mundo viu esvaziar-se o olhar duma jovem de 26 anos, de calças de ganga e sapatilhas, brutalmente assassinada. E, mais uma vez, todos sentimos que “nenhum homem é uma ilha” e “não me perguntes por quem os sinos dobram”.

Um dos sites de homenagem chama-se “We’re all Neda”. Cada vida é única e irrecuperável mas haver gente que nestas circunstâncias acha que vale a pena serenamente morrer é tocante. Pena que seja necessário isso e, oxalá, não seja em vão. “Neda” em farsi sgnifica voz.
Foto extraída do site da CNN

1 comentário:

Anónimo disse...

Era necessário que a maioria do mundo ocidental dito civilizado deixasse de confundir as pessoas com o regime... E que respeitassem essas pessoas por aquilo em que acreditam... Na mensagem anterior peço desculpa mas não me identifiquei. Num programa que vi no passado Domingo "Câmara Clara" na RTP2 dizia uma das convidadas que "o Irão é como um tapete persa"... Sou a HP...