11 junho 2009

Chorar em Português


Numa reportagem de Sandra Felgueiras que passou na RTP1 antes da “eleição” das 7 maravilhas de origem portuguesa, falava-se do desaparecimento da língua portuguesa na Índia e da persistência e resistência da cultura portuguesa aí e em Malaca. Se nas praças indianas passaram apenas 50 anos, em Malaca são quase 4 séculos. E, como após este tempo ainda há gente que se identifica com a herança portuguesa, mesmo sem nunca terem posto os pés em Portugal, isso sim, é muito mais relevante do que qualquer ruína de convento ou pano de muralha.

Pessoas que diziam querer saber mais e que gostariam de falar português correctamente. Mas não havia professor. A responsável do Insituto Camões oportunamente entrevistada foge ao cerne da questão e fala dos cursos por internet... para que serve esse instituto, afinal? Qual a sua missão e o espírito de missão de quem lá anda?

O espectáculo seguinte, o da atribuição solene dos prémios, de que só vi a parte final, foi bacoco. Sem brilho, sem profundidade, sem sentido. Aqueles “trajes” variados a evoluir gesticulando no palco ao som de um ritmo qualquer foi absolutamente deprimente. Também o facto de estas coisas serem nomeadas por voto popular só prova que a “democracia” nem sempre é ideal. Por mim Colónia de Sacramento não poderia ter faltado, mas isso é outra história.

Ainda, voltando à reportagem, num momento que me emocionou, alguém dizia que via a RTPi e às vezes, dava aquela coisa “como se diz?” – chorar? – Vontade de chorar. Não fixei literalmente mas o espírito era que lá pelos confins alguém chorava em Português. Face a esta grandeza, o evento social e pretensiosamente cosmopolita foi estupidamente pobre. Não, decididamente estamos mesmo muito longe do tempo de D. João II e de Afonso de Albuquerque. A dimensão e a profundidade da herança portuguesa no mundo mereciam e pediam muito mais e muito melhor!

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