19 junho 2009

Somos todos Persas



Já tinha referido aqui para trás a forte impressão positiva que me causou um breve contacto com a cultura desse país, charneira de meio mundo. De umas poucas coisas que li sobre a história da Pérsia fica a imagem de uma sequência de fases conturbadas. Demasiado importante para ficar imune à influência estrangeira e, ao mesmo tempo, para sua desgraça ou talvez não, demasiado forte para aceitar essa submissão.

Os Persas querem apenas ser eles próprios, o que não sendo pouco também não é fácil. De assinalar que a situação actual, por muito tensa que seja, tem, para já, um balanço de incidentes e de vítimas baixo. E incomparavelmente mais baixo do que o que ocorreria se a Pérsia fosse um país daqueles do terceiro mundo profundo que muitos pensam ser. Esta determinação e a contenção demonstradas são mais uma prova da qualidade civilizacional e da maturidade cultural do país (não estão a ponto de fazerem uma revolução só com cravos, mas perto).

Por tudo isto, só resta desejar “Boa sorte, Persas!”. E insisto na palavra "persa" porque é com ela que eles se identificam, tendo um significado que vai muito para lá dos tempos do Shá.
E que pessoas como as que a foto documenta, pescada ao acaso e sem saber mesmo que facção está a apoiar, possam assim sorrir e manter o sorriso que se vê.

2 comentários:

Anónimo disse...

Pena que para o mal (ou para o bem... depende de quem estiver do lado do quê) haja sempre os mártires como o caso de Neda que bem poderia ser a rapariga da foto com olhos sorridentes...

Carlos Sampaio disse...

Anónimo:

Neda tornou-se um símbolo e um símbolo forte.

E cada vez sinto mais força no título do "post", anterior a esta morte.