26 março 2018

Mortes (in)evitáveis


A morte é inevitável. É aquela certeza que resiste a todas as modas, escola ou escolhas. O momento pode não o ser. Quando alguém é morto, antes do tempo, por acidente ou crime, para lá de culpar a falta de sorte ou condenar o assassino, há uma certa resignação à fatalidade. Na maior parte das vezes o morto é elemento passivo na história, naquele momento.

Sente-se algo de diferente com a morte do polícia francês na tomada de reféns recente em Trèbes, Arnaud Beltrme. Ele morreu por ter intervindo ativa e voluntariamente. Certo que ser polícia implica correr riscos e muitas vezes de vida, mas ninguém é pago para morrer.

A sua morte, depois de se ter oferecido para substituir uma das reféns, foi consequência de uma opção sua, profissional, mas altruísta, de uma enorme grandeza. Ter sido estupidamente assassinado por um alucinado, um de vários milhares que por aí existem, impressiona. Impressiona pelas circunstâncias da perda e pela dimensão potencial de replicação do fenómeno.

Entretanto, imagino que, pelo menos desta vez, não haverá uns “idiotas úteis/perigosos inúteis” que virão relativizar e tecer considerações sobre responsabilidades compartidas!


Foto AFP

Sem comentários: